A história política do futebol olímpico (1894-1988)
Sérgio Settani Giglio
Eis que a política volta a ser assunto no espectro dos estudos esportivos. Ela fez parte da proto-história desses estudos, numa abordagem que se pretendia crítica, à diferença da narrativa da indústria esportiva. Deste projeto surgiram as investigações pioneiras, ao longo dos anos de 1970 e 80, que se seguiram dali em diante em vários campos das ciências sociais. No entanto, observando-se os títulos desses trabalhos, ver-se-á que a “história” vem predicada de “social” e/ou “cultural”, ficando a política em segundo plano. Um dos méritos da tese de Giglio agora transformada em livro foi recolocar a política no centro da cena esportiva, com uma investigação voltada às tensões que permearam a relação entre a FIFA e o COI, tendo o futebol como objeto de disputa. Trata-se de um trabalho primoroso, que lidou com fontes de origens distintas - periódicos convencionais, boletins olímpicos do COI, entrevistas com ex-jogadores de futebol, entre outras – e uma pista teórica profícua, do historiador inglês Eric Hobsbawm, para quem o futebol impregnou-se do ethos das classes trabalhadoras, tornou-se um esporte de massa e sacudiu a moral aristocrática que os burgueses pretenderam imprimir ao esporte. É seguindo o rastro das discutas em torno da presença/ausência do futebol nos Jogos Olímpicos que Giglio vai reconstruindo aquele que talvez tenha sido o principal debate esportivo do século XX: a disputa entre amadorismo e profissionalismo.
Arlei Sander Damo
Professor do Departamento de Antropologia da UFRGS
SUMÁRIO
Prefácio – José Paulo Florenzano
Capítulo 1 | O COI e a FIFA
1.1 O COI
1.2 A FIFA
1.3 Jogo de poder entre a FIFA e o COI
Capítulo 2 | Fase de estabelecimento (1894-1912)
2.1 “A César o que é de César”
2.2 Atenas (1896): nenhum país se interessa pelo futebol
2.3 Paris (1900): o futebol é modalidade exibição
2.4 Saint Louis (1904): o grande evento é a Exposição Universal
2.5 Atenas (1906): os Jogos Intermediários
2.6 Londres (1908): o futebol é incluído no programa oficial
2.7 Estocolmo (1912): cogita-se retirar o futebol do programa olímpico
Capítulo 3 | Fase de afirmação (1913-1936)
3.1 Antuérpia (1920): a final que não terminou
3.2 O futebol brasileiro quer participar dos Jogos Olímpicos
3.3 Paris (1924): futebol é um esporte opcional
3.3.1 Começam as divergências entre a FIFA e o COI
3.4 Amsterdã (1928): a FIFA e o COI não entram em acordo
3.4.1 A formação de um aparato burocrático para controlar o esporte
3.5 Los Angeles (1932): a saída do futebol do programa olímpico não está relacionada com a popularidade do esporte nos Estados Unidos
3.6 Berlim (1936): na volta aos Jogos Olímpicos o futebol é marcado pela briga política
Capítulo 4 | Fase de conflito (1937-1963
4.1 Anos sem Jogos (1940 e 1944): o amadorismo em pauta novamente
4.1.1 A FIFA quer o futebol nos Jogos Olímpicos
4.2 Londres (1948): após 40 anos, o futebol volta à Grã-Bretanha
4.3 Helsinque (1952): o futebol está ameaçado de sair do programa olímpico?
4.3.1 O COI quer reduzir o programa olímpico
4.3.2 Sob os ecos de Helsinque 1952 a FIFA apresenta sua definição de amador
4.3.3 Em 52 temia-se um fracasso do futebol brasileiro
4.4 Melbourne (1956): podem os amadores se profissionalizar?
4.4.1 Os profissionais nos tempos do amadorismo
4.4.2 A desistência de alguns países enfraquece o futebol em 1956
4.4.3 O mundo de Sofia é dos amadores
4.5 Roma (1960): os Jogos são para os amadores, mas os “profissionais” participam
4.5.1 A FIFA quer distinguir a Copa do Mundo do torneio Olímpico
4.5.2 Ainda o amadorismo
4.5.3 As desconfianças em torno do futebol brasileiro para os Jogos de Roma
4.5.4 Brasil disputa pela segunda vez o torneio de futebol e é eliminado pelos donos da casa
Capítulo 5 | Fase dos dilemas (1964-1983)
5.1 Tóquio (1964): os novos rumos do movimento olímpico
5.1.1 O referendo do COI revela que o futebol não possui prestígio interno
5.1.2 Reduzir o programa olímpico torna-se a preocupação do COI
5.1.3 As regras do amadorismo são revisadas
5.1.4 A CBD impede a profissionalização dos jogadores pré-convocados
5.1.5 A suspeita da compra de resultados
5.2 Cidade do México (1968): o ano em que o mundo mudou
5.2.1 O COI e a FIFA retomam o debate
5.2.2 A política e o esporte se aproximam: os Panteras Negras
5.2.3 O Brasil consegue a classificação no futebol, mas os problemas estruturais do esporte amador no país continuam
5.2.4 O glamour brasileiro vinha do basquetebol e não do futebol
5.3 Munique (1972): “os Jogos devem continuar”
5.3.1 Os Jogos Olímpicos estão ameaçados
5.3.2 Alguns esportes coletivos podem ser eliminados do programa olímpico
5.3.3 Nos anos 1970 o debate é sobre futebol, Educação Física e estrutura do esporte amador brasileiro
5.3.4 Conflito entre CBD e os clubes
5.3.5 Enquanto o COB e a CBD querem transformar o Brasil em uma potência esportiva, Havelange vai para a FIFA
5.4 Montreal (1976): os Jogos mais caros da história olímpica
5.4.1 Mudanças no amadorismo: as novas regras sobre a elegibilidade dos atletas
5.4.2 Pela primeira vez o Brasil disputa uma medalha olímpica no futebol
5.4.3 “Por que os tricampeões mundiais de futebol não podem ser campeões olímpicos?”
5.5 Moscou (1980): esporte e política cada vez mais juntos
5.5.1 O COI não usa mais a palavra amador e os assuntos políticos continuam na pauta
5.5.2 Os Estados Unidos lideram o maior boicote da história dos Jogos Olímpicos
5.5.3 Não muda a situação do esporte amador no país e o futebol brasileiro não se classifica para os Jogos de Moscou
5.5.4 Em discussão o lugar do futebol olímpico
Capítulo 6 | Fase profissional (1984-1988)
6.1 Los Angeles (1984): os jogadores de futebol podem ser profissionais
6.1.1 O troco soviético: “olho por olho, dente por dente”
6.1.2 Mudança na regra da elegibilidade
6.1.3 O futebol pode sair dos Jogos Olímpicos
6.1.4 Apesar da briga política na CBF, Brasil conquista a primeira medalha no futebol olímpico
6.2 Seul (1988): os profissionais ganham espaço
6.2.1 Após a experiência com o futebol a regra de elegibilidade é alterada
6.2.2 O limite de idade vai ser implantado no futebol olímpico
6.2.3 Brasil: dos conflitos no Pré-Olímpico à medalha de prata em Seul
Referências bibliográficas
Fontes Consultadas
Documentos oficiais
Jornais (por capítulo)
ISBN: 978-85-8499-123-5
Formato: 16x23 cm
Paginas: 482
Preço:R$ 60,00