A permanência do romance histórico – literatura, cultura e sociedade
Ana Mafalda Leite, Edvaldo A. Bergamo, Rogério Canedo (.Orgs)
Esta coletânea de ensaios orienta-se pelo exame sistemático do romance histórico em seu inevitável compromisso realista, reafirmando a premissa central estabelecida pelo filósofo húngaro György Lukács acerca dessa forma literária, a qual ilumina, sob o enfoque da recepção crítica, “o sentimento de que existe uma história, de que essa história é um processo ininterrupto de mudanças e, por m, de que ela interfere diretamente na vida de cada indivíduo” (2011, p. 38). Em vista de tal princípio, reúne-se aqui uma seleta de estudos fundamentais para a compreensão da permanência do romance histórico e de sua íntima ligação com a conjuntura social. Nestas páginas, encontra-se um aguerrido esforço teórico e crítico que procura mapear a constância dessa forma literária e sua contumaz persistência, motivada muitas vezes pelo ideário de que a existência humana ante o prisma do devir histórico, na conformação artística, pode ser particularmente arguta e complexa. A partir do empenho intelectual de pesquisadores de universidades públicas nacionais e internacionais, o leitor encontrará investigações de sólida envergadura, empreendidas na busca pela captação das linhas de força de uma vasta matéria histórica muito vigorosa, cuja tenacidade diz muito sobre a urgência do entendimento do movimento da história, apreendido como uma investida motriz das ações do sujeito em direção a um novo e outro horizonte de transformação da realidade. Em adição, o saldo positivo do presente volume diz respeito ao modo como as leis gerais do romance histórico estão presentes na narrativa de extração histórica encontrada na África, na América e na Europa. Ao se dedicar à apreciação analítica de certa produção do romance histórico nos três continentes em tela, o esforço coletivo do trabalho erudito em questão revela a continuidade de uma forma de expressão cultural esteticamente relevante em diversos sistemas literários, num tempo em que é imperativo e improrrogável o exercício e a diligência para uma consciência política ampla acerca da profunda e consequente relação entre literatura e história.
Sumário:
9 Romance histórico: notícia de um atlas literário incompleto
Ana Mafalda Leite | Edvaldo A. Bergamo | Rogério Canedo
Organizadores
O romance histórico: teoria e crítica
21 O romance histórico: Fredric Jameson e as incertezas no realismo do
século XIX
Arlenice Almeida da Silva
47 Realismo y distorsión subjetiva en la literatura: Acerca de La novela
histórica, de György Lukács
Francisco García Chicote
61 Sobre a força poética da transformação n’O Romance Histórico
Hermenegildo Bastos
73 “No hay peor muerte que el olvido”. La postergación del final en la
novela histórica a partir de El señor de los últimos dias. Visiones del año
mil, de Homero Aridjis
Juan Manuel Laca lle
89 György Lukács y la revolución: una relación entre el drama histórico
La muerte de Danton (1835) de Georg Büchner y la teoría leninista del
instante
Martín I. Koval
101 “Con enfermiza premura y espectral inquietud”. Vittoria Accorombona,
de Ludwig Tieck, y la novela histórica romántica
Miguel Vedda
117 Atualidade do realismo histórico
Salete de Almeida Cara
O romance histórico em Portugal
127 Memorial do convento: o assalto à caixa forte da História
Ana Paula Arnaut
145 Tentação e rejeição do romance histórico: os casos de Eça de Queirós e
Júlio Dinis
Isabel Pires de Lima
163 As causas da decadência de Portugal no romance de Camilo Castelo
Branco
Luciene Marie Pavanelo
181 A urgência do intervalo (a propósito de A Viagem do Elefante de José
Saramago)
Maria de Fátima Marinho
193 Romance histórico: a desconstrução do modelo romântico português
Maria Helena Santana
207 Portugal: romance histórico hoje
Miguel Real
O romance histórico no Brasil
231 D. Josefa, a história na cela do presente
Ana Laura dos Reis Corrêa
Alexandre Simões Pilati
251 Peri em Brocéliande: o deserto-floresta n’O Guarani, de José de Alencar
Marcos Flamínio Peres
269 Apropriações do passado histórico pelo romance brasileiro (2011-2017):
da Colônia ao ocaso do Império
Marilene Weinhardt
295 Entre rixas, esmolas e tabuletas – o realismo machadiano e a figuração
da história em Esaú e Jacó
Tiago Marcenes Ferreira da Silva
O romance histórico na África
315 A escrita ígnea de Boaventura Cardoso
Carmen Lúcia Tindó Secco
329 Três obras, um arquipélago, uma história
Jane Tutikian
345 Entre oralidade e arquivo: reflexões sobre reescrita histórica em Mia
Couto
Kamila Krakowska
363 O contra-discurso da(s) memória(s) nos romances de João Paulo Borges
Coelho
Marta Banasiak
377 José Eduardo Agualusa e a construção de seu universo ficcional: uma
modulação da história angolana
Renata Flavia da Silva
393 A violência dos invisíveis: Se o passado não tivesse asas, de Pepetela
Vanessa Riambau Pinheiro
407 Ualalapi e As Mulheres do Imperador: Ungulani Ba Ka Khosa no ‘‘corpo
a corpo’’ com a história moçambicana
Vanessa Ribeiro Teixeira
423 Autores (Ordem alfabética)
ISBN: 978-65-86255-17-1
Formato: 16x21 cm
Paginas: 424
Preço:R$ 60,00